sábado, 24 de fevereiro de 2018

Opus 666

Opus 666

Overture
I Am (Gita)
Orange Juice
How Could I Know
Love Is Magick
Just Because
Be Bop a Lula / Let Me Sing, Let Me Sing
Wee Wee Hours
Blue Moon of Kentucky
I Don't Really Need You Anymore
Rock Around the Clock / Blue Suede Shoes / Tutti Frutti / Long Tall Sally
Fool's Gold
Morning Train
Kansas City
Sunseed
Roll Over Beethoven (Live)
White Wings
Can't Help Falling In Love
My Way / Trouble
Angel
Keeps On a Rainning
Be Bop a Lula (Live)
Honey Don't
Let Me Sing, Let Me Sing (#2)
How Could I Know (#2)
Love Is Magick (#2)
Raul's Blues
Fear of the Rain
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sábado, 17 de fevereiro de 2018

Piritiba, Uma Saudade Arretada



Beto Sodré, cineasta baiano, era também amigo pessoal de Raul e da família Varella Seixas. O pai de Beto tinha um sítio no sertão de Piritiba, interior baiano.
Em 1979, após se submeter a uma cirurgia onde removeu parte do pâncreas, Raul Seixas precisava de cuidados especiais para se recuperar, e sua mãe Dona Maria Eugênia pediu a Beto Sodré para levar o filho para Piritiba, com o propósito de repouso e cuidados especiais e para mantê-lo afastado das drogas e das amizades “perigosas”. Raul relutou, não queria se afastar para tão longe.
Em 1982, depois do incidente de Caieiras Raul foi passar uns dias em Salvador no apartamento dos pais, no mesmo prédio que morava Beto Sodré. Nesta época, Raul já estava necessitando de muitos cuidados médicos e certa vez sairam para o hospital juntos, Raul e Beto, que estava com o braço quebrado. Quando chegaram perto do ponto de táxi o motorista resmungou baixinho “agora tenho que levar um bêbado e um aleijado”. E Raulzito ouviu.
Ouviu e xingou, espinafrou, esculachou o motorista de tudo quanto é nome. E aceitou o convite de Beto para passar uns dias em Piritiba e mudar de ares.

Sertão de Piritiba
Raul Seixas foi recebido pelo prefeito e pela bandinha da cidade, que agitava o coreto na praça principal. E não demorou para conhecer os malucos de Piritiba. No dia seguinte esqueceu-se da recuperação e começou a beber tudo de novo. Beto lembra “Era nos botecos mais simplórios que Raul gostava de ficar, no meio daquela gente simples tomando sua cachacinha. No meio de pessoas que nada te cobravam...”
E foi através de Beto que Raul conheceu Wilson Aragão, que seria seu parceiro musical ecompanheiro de fumo e farinha.
Wilson tinha uma música chamada Capim Guiné e sonhava dar para Elba Ramalho gravar, mas quando Raul ouviu adorou e pediu permissão para mudar algumas coisinhas. E foi regado a muita cocaína que terminaram Capim Guiné, uma festa na roça onde os bichos também estavam “cheirados”

“Minhas galinhas já não ficam mais paradas
E o galo de madrugada tem medo de cantar”

Beto Sodré recorda aqueles dias “A característica principal do Raul era a irreverência que vem através do seu nome. Ele tinha na personalidade, uma timidez latente; uma meiguice sem tamanho, um diplomata”
Já Wilson Aragão relata “Em 1983 nossa amizade foi se estreitando. Ficamos num hotel, na Barra, o dia todo na beira da piscina “comendo água”. Gostei muito dele, suas palavras tinham sentimento, um coração bom, um jeito meio ameninado e meio maluco. Passei dois dias na casa dele em São Paulo, e enquanto ele cheirava muito éter e lança-perfume, eu tomava minhas cervejas. Depois, ele veio pra minha casa em Salvador e fez uma verdadeira revolução no Engenho Velho de Brotas, pois saiu bebendo cachaça em tudo que era boteco, e todo mundo querendo conhecê-lo. Também demos um passeio pelo sul da Bahia, fomos em Ibirataia, Barra do Rocha e Ipiaú".
Wilson lembra também que certa vez estavam na estrada e pediu para parar o carro para vomitar, estava passando mal de tanto que havia bebido. Quando pararam o carro, Raul o abraçou e ficou com ele o tempo inteiro confortando e aconselhando-o, “Pô, Wilson, para de beber, bicho, isso vai acabar te matando...”.
E a bebida matou Raul Seixas.

Por: Fernando Alves


Fonte: raulseixascontinua4.blogspot.com